Urinoterapia: será que beber o próprio xixi realmente faz bem para a saúde?




Você já deve ter ouvido falar de pessoas que consomem a própria urina como forma de terapia. Esses indivíduos são adeptos da urinoterapia, e a ingestão é realizada para fins medicinais e cosméticos. Essa prática não é nada nova, já que existem registros sobre o uso do xixi para os mais diversos fins desde a época dos faraós e da Roma Antiga. Porém, o que a ciência tem a dizer sobre isso?

Andrew Tarantola, do site Gizmodo, escreveu um interessante artigo sobre a urinoterapia e as razões pelas quais as pessoas deveriam parar de beber o próprio xixi, inclusive quando que se trata de uma situação extrema — de vida ou morte. Como você sabe, os rins, assim como o fígado, funcionam como filtros do nosso organismo.

Primeiro, o sangue passa pelo fígado, onde, basicamente, todo tipo de resíduo — como células mortas, toxinas e outros detritos — é eliminado. Depois, ele atravessa os rins, onde o excesso de substâncias tóxicas (como anticorpos, ureia, creatinina e proteínas) derivadas dos processos metabólicos é filtrado, e o resultado é encaminhado para a bexiga, de onde é eliminado através do xixi, cuja composição é 95% de água e 5% de metabólitos, aproximadamente.

 Bebidinha


Segundo Tarantola, a urina pode ser descrita, portanto, como um mecanismo secundário para a eliminação do que não é mais necessário para o organismo. Além disso, não se esqueça de que o nosso corpo serve de lar para cerca de 100 trilhões de bactérias, e estudos recentes apontaram que existem colônias que são “inquilinas” permanentes do trato urinário. Portanto, podemos assumir que pelo menos parte dessa turminha pegue carona com a urina.

Sendo assim, por que é que existem pessoas que insistem em dizer que beber xixi faz bem? Na verdade, conforme mencionamos logo no início da matéria, essa prática existe há muito tempo, e há registros em escrituras hindus incentivando o consumo da urina como “remédio” para todos os males imagináveis, incluindo para tratar o câncer.

Prática milenar



Tarantola menciona em seu artigo que a urinoterapia também aparece em textos médicos dos antigos egípcios e da China Antiga, chegando ao ocidente graças aos romanos. Com respeito ao oriente, na China, por exemplo, ainda existem cerca de 3 milhões de pessoas adeptas fieis à terapia, enquanto no ocidente a prática ganhou um bom time de seguidores graças ao apoio de especialistas de renome em medicina alternativa e, como não, de celebridades.

Atualmente, as promessas são de que o uso da urina — seja por meio da ingestão, gargarejos, cremes ou na forma de colírio — pode servir de tônico e curar de resfriados ao câncer e até livrar o organismo do HIV. E, conforme explica Tarantola, o que não faltam são livros defendo os efeitos milagrosos da terapia.

Não beba!


Apesar de existirem defensores engajados do consumo de xixi — dos quais alguns argumentam que existe uma conspiração para não propagar as maravilhas dessa terapia por não haver lucro substancial envolvido nela —, a verdade é que faltam pesquisas sistemáticas que apoiem os supostos benefícios de consumir a própria urina.

Aliás, segundo Tarantola, os estudos que existem sobre a urinoterapia sugerem que ela faz mal para a saúde. A American Cancer Society, por exemplo, afirma que não existem evidências de que o xixi ajude a estimular o sistema imunológico e seja benéfico de nenhuma forma para os pacientes.
Além disso, o pessoal da British Dietetic Association desencoraja o consumo de urina mesmo em situações extremas, se possível — imagine que você se perde em algum local inóspito e não encontra água! —, já que o sódio presente na urina pode acelerar o quadro de desidratação. E mais: a prática pode ser prejudicial, pois, cada vez que o xixi sai e volta a ser filtrado pelo organismo, ele vai ficando mais concentrado, podendo provocar mais danos que benefícios.
 
Fonte: Megacurioso