Vem Pra Rua... Por Jônatas Félix

 
O Povo ir para a rua protestar é muito bom. O Povo achar que isso é um programa de início de noite é péssimo. Que o País, no que se refere à corrupção, à qualidade dos serviços públicos e ao mau uso do dinheiro público (DO POVO) tá uma merda, isso não é nenhuma novidade. 

O Povo brasileiro ter cansado dessa bosta toda é que é. Não sei vocês, mas eu mesmo cansei dessa porcaria. Cansei de SABER que o dinheiro destinado às obras e aos serviços públicos (educação, saúde, segurança, transporte, etc.) que beneficiam a população, quando sai dos cofres federais, vem pingando pelo meio do caminho até chegar ao seu destino, onde será derramado com todo “gosto de gás” (no bolso das empresas prestadoras do serviço), dá mesma forma que uma mangueira molhando o chão de cimento: muito desperdício para quase nada. 

Cansei de saber que às escuras – ou até mesmo às claras – a maioria dos políticos e demais que mamam nas tetas do governo maquinam formas, as mais inescrupulosas possíveis, de enganar o povo e de mentir que estão enganando, de roubar o dinheiro público e de mentir que estão roubando, de mentir e de mentir que estão mentindo, de dizer que não sabiam de nada mesmo sabendo. Cansei de não entender o porquê dos banqueiros, dos ricos e dos donos de indústrias não poderem deixar de lucrar alguns milhões de reais a mais para que a classe mais pobre tenha redução nos preços. Agora, sair por aí gritando, se pintando, segurando cartazes sem ter metas e objetivos claros, isso não leva a nada. 

O Povo decidiu: não ACEITAMOS o aumento nas tarifas de ônibus! Foram às ruas e conseguiram – entre aspas – o que queriam (entre aspas porque os donos das empresas de ônibus vão receber o dinheiro que viria do aumento, só estão decidindo ainda de onde vão tirar, de qual parte da carteira do Povo – lembre-se que ainda estamos na merda). Pronto! E agora, aprenderam como se faz?! Sigam os passos: opressão – indignação – decisão – metas – ação (clara, objetiva e racional) – conquistas. 

Não adianta sair às ruas para querer tirar presidente, tirar governador, tirar prefeito, acabar com partidos, ou coisas do tipo, simplesmente pelo prazer de dizer que tirou e depois sentar a bunda no sofá e deixar dar em merda de novo, como fizeram depois que o Collor saiu do poder. Se com eles lá não temos os serviços de qualidade, imagina sem ninguém. Está indignado? Ótimo, isso é o primeiro passo. Decidiu lutar para mudar o quadro? Ótimo, esse é o segundo passo. Tem uma meta?! Não?! Então volte a se indignar, porque indignação sem meta é “raivinha”! Quer tirar o Renan do senado (o que já deveria ter acontecido há muito tempo)? Considere os porquês, os “para quês” e siga em frente: brigue, grite, “se arrete ‘mermo’”, enfinque o pé no chão e diga: queremos esse CANALHA fora por isso, por isso e por aquilo, e só sairemos daqui quando ele sair de lá. Agora, pense bem: antes de querer tirar o corrupto do poder, tire primeiro o corrupto que está dentro de você. 

Mude primeiro! Se você conseguir mudar a si mesmo para melhor, mudar suas atitudes “corruptas”, será um mestre em mudança e estará apto a mudar o País. Se você transformou sua corrupção em honestidade e justiça você irá se indignar, você irá se decidir, você irá ter metas, você irá lutar, brigar, explodir, se pintar, agir e conseguirá o que quer. 

Agora pegue isso e multiplique por milhões de pessoas nas ruas. Sou a favor da ida às ruas, mas de pessoas inteligentes, que sabem o que realmente querem, que não estão ali para se divertir, que não se contentam com um discurso de 10 minutos dizendo que tudo vai melhorar e que vamos fazer isso ou aquilo pra mudar (uma confissão de que está uma porcaria mesmo); pessoas que questionem o porquê de não terem feito antes; gente que não se contenta em sentir arrepiozinhos com o Hino Nacional cantado na frente do Congresso.

 Jogador de futebol também canta Hino, mas depois faz gol de mão e “jura pela mãe morta” que foi de cabeça. Vamos pra rua gritar e não zurrar, porque se não vão nos tirar um arreio e colocar outro ainda mais apertado. Antes de sair de casa, pense bem no tipo de gente que você é; se por acaso encontrar algumas semelhanças com aqueles contra os quais você dispara a sua fúria, tenha certeza, não é mera coincidência. Volte para casa e mude primeiro. Não existe País sem Governo, mas podemos lutar para ter (nem que seja em sonho – sonhando acordado) um Governo sem cORRUPTOS. Seja inteligente, caso contrário, com ou sem Governo, sempre haverá um mais esperto para por rédeas em você. 

Jônatas Félix.